terça-feira, 22 de setembro de 2009

Canto com a vivência da fronteira

O cantor Juliano Moreno concedeu uma entrevista na manhã de sexta - feira, antes de pegar a estrada rumo a Caxias do Sul. Depois de um belo show, destacou alguns pontos que observou na sua passagem por Santa Cruz do Sul, como o grande respeito das pessoas pelas tradições, pelo crescimento do sentimento gaúcho na Semana Farroupilha e a boa organização da comissão, além da receptividade do público ao seu trabalho. Então, vamos conferir:

Por João Cléber Caramez

Como tu avalias o show, a receptividade do público de Santa Cruz do Sul? Já tinhas se apresentado na cidade?
Nós já estivemos disputando o Enart e também em outras oportunidades. Me sinto honrado por ter participado dessa Semana Farroupilha aqui, no Parque da Oktoberfest, onde mostramos um pouco de nosso trabalho com temas diferenciados que falam da fronteira, um pouco do folclore latino – americano também, coisas que para o público daqui talvez seja novidade e por isso, acredito que essa é uma das virtudes do canto: mostrar coisas novas. Ainda tem uma questão de responsabilidade social em cima disso, trazendo para quem não conhece, alguns clássicos da América Latina e também do nativismo gaúcho, músicas estas que gostamos, ouvimos, ou seja, apreciamos tanto de forma tão demasiada, principalmente por nós que moramos na fronteira e temos essa influência e podemos ter essa vivência de fronteira através da música.




Tu participaste da Manoca, dias atrás, também da Nevada da Canção. Quais são os próximos festivais que estão na mira? Tu falaste do teu novo trabalho, que está para ser lançado no final do ano. Como estão os teus projetos, como vai ser esse terceiro CD?
Graças as Deus estão bem encaminhados, temos festivais pela frente como a Coxilha Nativista, de Cruz Alta onde já estamos classificados, também tem a Vigília, de Cachoeira do Sul, onde também temos música classificada. O projeto do disco novo está em andamento, na fase de produção do projeto onde analisamos o repertório, músicos para as gravações e como costumo dizer, essa analise é tudo. Por isso, deve ser feito com calma, estamos junto com aqueles que me dão assessoria, para fazer um bom trabalho, resgatar as músicas premiadas no principais festivais, que são pouco divulgadas, não chega até as rádios, aos programas nativistas e muitas pessoas não tem acesso. A organização do festival deve se empenhar para divulgar esse trabalho quando é lançado. Poucos festivais mandam o CD para o próprio músico que disputou. Cito como exemplo o Canto Missioneiro, de Santo Ângelo onde tem um compromisso com a gente, mandam o CD, o que pode ser um espelho para outros, porque nós mesmos fazemos a distribuição para os radialistas conhecidos, já que é uma honra para nós que eles toquem a nossa música. Para isso, quero fazer um resgate dessas músicas dos festivais para que mais pessoas possam conhecer o nosso trabalho.


Vamos falar um pouco do teu grupo, esses músicos que te acompanham. Tem outros que tocam contigo? A formação é sempre essa, fala um pouco sobre isso para nós?
Como eu disse no show, ontem: essa gurizada vale ouro! Nesse meio da música nós temos que estar cercados de amigos. Graças a Deus, tenho muitos amigos e os melhores, estão nesse meio, onde nos encontramos quase todos os finais de semana e procuramos fazer daquilo a extensão da casa de cada um. Eu me sinto grato em tocar com o Marcelo Holmos, com o Glauber Moreira, do contrabaixo e também com o Inseto (Marcelo Nunes) e também com a companhia do amigo Márcio Rodrigues, poeta de Livramento, que inclusive tocou comigo na Manoca. Improvisamos o grupo para esse show, já que temos vários espetáculos rodando pelo estado e temos músicos que estão tocando com outros intérpretes. Então, achamos meios para mesclar que ficasse bom para todos, que ninguém perdesse em qualidade. Um ajuda o outro, pela amizade é que fico grato de poder tocar com meus grandes amigos lá de Livramento, pessoas que nunca me deixaram mal e sempre me apoiaram.





Quais são as principais diferenças do sentimento das pessoas na fronteira pela música nativista e outras questões do gênero em relação a outros lugares, como aqui na região?
Não querendo ser bairrista, mas moramos em um lugar privilegiado em termos de tradição gaúcha. A gente faz com que o povo sinta a tradição. Livramento tem o maior desfile na Semana Farroupilha, são quase 8 mil cavaleiros. As pessoas vivem a Semana Farroupilha e também durante todo o ano, temos vários eventos como os 5 festivais internos e ainda o Martin Fierro. A Penca, um desses festivais locais, do qual sou presidente, tem a função de revelar novos talentos. Desse festival, surgiram Anomar Danúbio Vieira, Leôncio Severo, Volmir Coelho e tantos outros. Tenho orgulho de dar segmento a esse projeto, estamos na sétima edição, a música que ganhou esse ano estará no palco antes das concorrentes do Martin Fierro. Então, o povo de Livramento tem a essência, minha família sempre participou do CTG Presilha do Pago, pelo qual concorri vários concursos, meu pai é patrão há 23 anos e ficamos orgulhosos de ver Santa Cruz mudar sua mentalidade, vivenciando esse sentimento do que é ser gaúcho. Ontem, tivemos a prova já que pessoal dançou, aplaudiu, estavam todos pilchados, o que raro hoje em dia e o que mais chamou atenção é que sem pilcha, não dançava. A cidade está de parabéns, um belo evento e espero retornar várias vezes, sempre com o compromisso e tendo a credibilidade para a realização desses eventos.

Antes de pegar a estrada, deixe um chasque para nós que ficamos.
Só tenho a agradecer, sempre fui bem recebido aqui. Participei da 1ª Manoca, agora voltei na 4ª edição. Me lembro que foi dos meus primeiros festivais, fui recebido pela família do Sérgio Sodré Pereira, que deu início ao ciclo da Manoca. Fico contente, deixo meu agradecimento a todo o povo, para que tudo dê certo e que realizem um ótimo final da Semana Farroupilha.

Ouça aqui: A vida é uma doma, a doma é uma vida, Chamarriteiro e Loco de bem de bem






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