terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Rio Grande canta o cooperativismo - 2ª Etapa, em São Luiz Gonzaga

A Expo São Luiz, em São Luiz Gonzaga, teve sexta-feira (02) a segunda etapa do Festival O Rio Grande Canta o Cooperativismo, uma promoção do Sescoop/RS. Foram apresentadas 10 músicas e escolhidas quatro que vão concorrer a etapa finalíssima, dia 16 de novembro em Gramado.
As classificadas foram:
"Além da Utopia"
João Antunes, João Ribeiro e Leonardo Sarturi, interpretada por Nenito Sarturi;
"Assim se firma um ideal"
Maninho Pinheiro, com Gisele Guimarães e Shana Muller;
"A força da união"
Neuri Almeida e João Chagas Leite, defendida por Flávio Hanssen;
"Amadrinhado"
Binho Pires e Duca Duarte, cantada por Cristiano Quevedo.
Cerca de oito mil pessoas lotaram o local do evento e vibraram no final com o show de Mano Lima. A próxima etapa será em Marau, dia 24 de outubro, no Clube dos Motoristas de Marau, Rodovia RS 324, km 86. Dia 30 de outubro haverá a 4ª etapa, em Nova Palma, no Salão Paroquial Pe. Otávio Ferrari, rua Almirante Barroso, s/nº.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Resultados da 29ª Coxilha Nativista - Cruz Alta

FASE GERAL
1º lugar: O MEU SILÊNCIO TEM VOZ (milonga)
Letra: Miguel Bicca e Máximo Fortes
Música: Digo Oliveira
Intérprete: Leonardo Paim - Cidade: São Borja e Santa Maria


2º lugar: SEM CHÃO PARA PISAR (rasguido doble)
Letra e Música: Leonardo Sarturi
Intérprete: Eraci Rocha - Cidade: Santiago

3º lugar: SANGUE (milonga)
Letra: Rodrigo Bauer e Juca Moraes
Música: Érlon Péricles
Intérprete: Pirisca Grecco - Cidade: São Borja, Cruz Alta e Porto Alegre


FASE LOCAL
1º lugar: O GRITO DOS SENTINELAS
Letra: Volmar Camargo
Música: Marcelo Carvalho

2º lugar: IDENTIDADE E RAÍZ
Letra: Jorge Nicola Prado
Música: Arthur Bonilla

3º lugar: PRA PARCERIAR UMA MILONGA
Letra: Luiz Carlos Guerreiro
Música: Leonardo Moralez

Melhor Indumentária: O GRITO DOS SENTINELAS (Volmar Camargo / Marcelo Carvalho)
Melhor Conjunto Vocal: O MEU SILÊNCIO TEM VOZ (Miguel Bicca e Máximo Fortes / Digo Oliveira)
Melhor Conjunto Instrumental: O GRITO DOS SENTINELAS (Volmar Camargo / Marcelo Carvalho)
Melhor Pesquisa: RELÍQUIAS MISSIONEIRAS (Vagner Pizzolotto da Costa / Juliano Moreno e Érlon Péricles)
Melhor Intérprete: Eraci Rocha (por Sem chão para pisar)
Melhor Letra: Meu silêncio tem voz (de Máximo Fortes e Miguel Bicca)
Melhor Instrumentista: Tiago Abib
Melhor Arranjo: SANGUE (Rodrigo Bauer e Juca Moraes / Érlon Péricles)
Música Mais Popular: O GRITO DOS SENTINELAS (Volmar Camargo / Marcelo Carvalho)

Mercedes, a raíz da música latina

Luiz Carlos Borges sussurrou Missioneira para a amiga

Renato Mendonça - ZH



Foi difícil falar com Luiz Carlos Borges hoje pela manhã: o acordeonista gaúcho estava em Buenos Aires, desde ontem, acompanhando as últimas horas de Mercedes Sosa, e exibia as marcas da emoção na voz compassada e grave. As últimas tentativas de contato com a amiga, internada desde 18 de setembro em um hospital portenho, se deram, claro, através da música. Borges contou que, no sábado, lhe foi permitido pela família de La Negra por duas vezes sussurrar-lhe no ouvido Missioneira, composição de Borges e Mauro Ferreira que Mercedes incluía sempre nos repertórios de seus últimos shows. Borges observa que a morte de Mercedes não tira de cena talvez a mais destacada cantora latino-americana, e certamente a voz mais eloquente na defesa dos direitos humanos, especialmente nos anos 1970 e 1980: — Isso nos tira o ser humano Mercedes também. Borges conheceu Mercedes Sosa em 1984, em um estúdio argentino, quando Kleiton & Kledir gravavam com ela Semeadura (Fogaça e Vitor Ramil). La Negra nem sabia que Borges era músico - ele foi ao encontro da cantora para tentar trazê-la ao Rio Grande do Sul como atração no festival Musicanto -, mas o tratou com delicadeza e atenção. — Estavam todos tirando fotos com ela, e eu estava escondidinho num canto. Ela se lembrou de mim, me pegou pela mão e disse que eu também era da família. A convivência no palco começou em 1985, em um show no Teatro Leopoldina (depois Teatro da Ospa), em Porto Alegre. Desde então, foram mais de 50 oportunidades em que o gaúcho e a argentina dividiram a cena. As últimas vezes foram ainda no ano passado, quando Borges foi convidado por Mercedes para acompanhá-la em uma excursão por Alemanha e por Israel. — Ela continuava dedicada, ensaiando muito e cobrando dos músicos. Mesmo com diabetes e dores no corpo, ele tentava sempre subir ao palco, consciente do papel que representava, especialmente para a música e a cultura da América Latina — diz Borges. Segundo o cantor, acordeonista e compositor gaúcho, Mercedes pregava suas ideias em todos os lugares. Por exemplo, quando a dupla estava em Cachoeira do Sul, voltando de um show. — Ela sabia que eu tinha uma crença parecida com a dela, a de que o folclore não deve se fechar. Dizia "Temos de partir da raiz, mas fazer com que nasçam flores", o que significava abrir-se a outros gêneros, realizar generosamente o exercício da troca. Como ela fazia com Milton (Nascimento), com Charly García, com Caetano Veloso. Para Mercedes, se a raiz não dá frutos, ela apodrece.


Missioneira Composição: Mauro Ferreira / Luiz Carlos Borges

Eu pela noite negra dos teus cabelos

Tu apagando o rastro do teu olhar

Pra que rincões a vida levou teus passos

Flor das missões que vive nos sonhos meus

Como entender que um dia estando em meus braços

Com luz de sol me sorriu

E com uma voz de rio disse adeus

E é este amor que me traz assim

Peregrino em busca do teu querer

E é minha dor que jamais tem fim

Que serena os lírios no amanhecer

Linda missioneira da voz de rio

Flor que na fronteira da solidão

Me adoçou a boca e depois partiu

E amargou pra sempre meu coração

Por onde andarás, por onde andarei

Que será do amor que eu jurei por ti

Que será de ti sem o que eu te dei

Que será de mim que já te perdi

Sangra a terra vermelha dessas estradas

Arde no sal do rosto o sol do verão

E eu qual um andarilho pelas estradas

Vou maldizendo os rumos dessa paixão

Louco de amar assim teu amor selvagem

Louco de amar a imagem que eu quero bem

Sem entender que passas pela paisagem

Igual a flor de aguapé que é linda

Mas que não é de ninguém!
*Fonte: Zero Hora

domingo, 4 de outubro de 2009

Mercedes Sosa morre em Buenos Aires, aos 74 anos

A cantora argentina Mercedes Sosa, uma das mais famosas intérpretes da América Latina, morreu na madrugada deste domingo, em Buenos Aires, em decorrência de problemas renais agravados por uma falha cardiorespiratória. Mercedes estava internada havia quase um mês e, na sexta-feira, recebeu o sacramento da extrema unção - a família já dizia aos jornalistas que só um milagre poderia salvá-la. Ela tinha 74 anos.

Mercedes Sosa era uma das cantoras mais conhecidas da música regional latino-americana e a mais famosa artista argentina depois de Carlos Gardel e Astor Piazzolla. Ela estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), respirando com ajuda de aparelhos. O estado de saúde dela era acompanhado por numerosos artistas, incluindo alguns que a visitaram no hospital, e por fãs, que encheram de mensagens o site da cantora.

"São instantes de oração. Isto tem a ver com uma situação de vida em que ela viveu plenamente seus 74 anos, fez praticamente tudo o que quis, viveu uma vida muito plena", disse na quinta-feira a jornalistas Fabián Matus, o único filho da cantora. "Mercedes sempre foi um símbolo de liberdade", acrescentou. Apelidada carinhosamente de "La Negra", chegou a se afastar dos palcos por causa de uma doença, e voltou em 2005.

La Negra esteve em Cachoeira do Sul, durante a Vigília do Canto Gaúcho em 2008

Com mais de quatro décadas de carreira, Mercedes Sosa lançou neste ano um disco em dois volumes, denominado Cantora, em que aparece em parceria com artistas como Joan Manuel Serrat, Caetano Veloso e Shakira, razão pela qual está indicada a três prêmios Grammy Latino. Por causa da doença, porém, ela não conseguiu lançar oficialmente o álbum. A cantora já havia sido hospitalizada neste ano, com pneumonia.

Cantou com grandes nomes da música nativista, como Luíz Carlos Borges

Mercedes sofria de uma doença hepática, que foi complicada por problemas respiratórios. A cantora estava em coma desde a quinta-feira passada e respirando com a ajuda de aparelhos. Seu corpo será velado no Salão dos Passos Perdidos, no Congresso Nacional Argentino.

Haydé Mercedes Sosa nasceu no dia 9 de julho de 1935, na cidade de San Miguel de Tucumán. Com uma carreira de 60 anos, transitou por diversos países do mundo, dividiu o palco com inúmeros e prestigiosos artistas e deixou uma grande discografia.

"Sua voz levava mensagens de compromisso social através da música da raiz folclórica, sem prejuízos de somar outras vertentes e expressões de qualidade musical. Seu talento indiscutível, sua honestidade e suas profundas convicções deixam uma enorme herança para as gerações futuras", diz a sua família no comunicado publicado no site oficial da cantora.

Mercedes Sosa nasceu em Tucamán, Argentina, em 9 de julho de 1935. É uma cantora de grande apelo popular na América Latina e conhecida como La Negra pela cor das longas e lisas madeixas.

Ganhou destaque muito nova, com quinze anos de idade, após se apresentar em uma competição de uma rádio da sua cidade natal e conseguiu um contrato de dois meses. O timbre marcante levou Mercedes a gravar o primeiro disco Canciones con Fundamento, em 1965, com um perfil de folk argentino.

Mas foi em 1967 que se consagrou internacionalmente após gravar o sucesso Cantata Sudamericana e Mujeres Argentinas, com Ariel Ramirez e Feliz Luna. A música foi em homenagem à chinela Violeta Parra.

Já atuou com diversos músicos, como Milton Nascimento, Fagner e Silvio Rodríguez.

De personalidade marcante, Sosa é conhecida também como uma ativista política de esquerda, sendo peronista na juventude. Se posicionou contra à figura de carlos Menem e apoioi a eleição do ex-prediente Néstor Kirchner.

Toda essa procupação inclusive fica evidente em seu repertório, tornando-se uma das grandes expoentes da Nueva Canción, movimento musical nos anos 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque são representantes.

Possui um dueto com Beth Carvalho, cada uma cantando no seu idioma, na música So le piedo a Dios, além da parceria que fez com Fagner na música Años, de 1981.

Discografia
La voz de la zafra (1962)
Canciones con fundamento (1965)
Yo no canto por cantar (1966)
Hermano (1966)
Para cantarle a mi gente (1967)
Con sabor a Mercedes Sosa (1968)
Mujeres argentinas (1969)
Navidad con Mercedes Sosa (1970)
El grito de la tierra (1970)
Homenaje a Violeta Parra (1971)
Hasta la victoria (1972)
Cantata Sudamericana (1972)
Traigo un pueblo en mi voz (1973)
Niño de mañana (1975)
A que florezca mi pueblo (1975)
La mamancy (1976)
En dirección del viento (1976)
O cio da terra (1977)
Mercedes Sosa interpreta a Atahualpa Yupanqui (1977)
Si se calla el cantor (1977)
Serenata para la tierra de uno (1979)
A quién doy (1980)
Gravado ao vivo no Brasil (1980)
Mercedes Sosa en Argentina (1982)
Mercedes Sosa (1983)
Como un pájaro libre (1983)
Recital (1983)
¿Será posible el sur? (1984)
Vengo a ofrecer mi corazón (1985)
Corazón Americano (1985)
Mercedes Sosa ´86 (1986)
Mercedes Sosa ´87 (1987)
Gracias a la vida (1987)
Amigos míos (1988)
En vivo en Europa (1990)
De mí (1991)
30 años (1993)
Sino (1993)
Gestos de amor (1994)
Oro (1995)
Escondido en mi país (1996)
Alta fidelidad (1997)
Al despertar (1998)
Misa Criolla (2000)
Acústico (2002)
Argentina quiere cantar (2003)
Corazón Libre (2005)

Filmografia
Güemes, la tierra en armas (1971)
Argentinísima (1972)
Ésta es mi Argentina (1974)
Mercedes Sosa, como un pájaro libre (1983)
Será posible el sur: Mercedes Sosa (1985)
Historias de Argentina en Vivo (2001)

* Fontes: Revista Veja e Terra