sexta-feira, 22 de maio de 2009

Retratos de um fundamento através da música

Fabrício Marques é um jovem intérprete que ganha cada vez mais destaque no cenário nativista através de suas constantes participações. Com isso, as premiações são resultados de um trabalho em que o amor pelo campo e por cantar suas verdades se confundem. Dessa forma, venceu no ano passado a 5ª Galponeira de Bagé, com a composição Frio de Maio, em parceria com Fábio Maciel. Como essa união rendeu um grande resultado, este ano, na 4ª Nevada da Canção de São Joaquim, a parceria venceu o festival com a composição Que pecado, parceiro.
Com trabalhos que passaram pelos palcos dos festivais do nosso estado, Fabrício Marques chega com seu novo trabalho e conta em maiores detalhes a sua vida na música, as amizades reculutadas pelo tempo e o que virá na sequência nesta entrevista cedida ao De terra, campo e galpão:

Fabrício Marques

Por João Cléber Caramez

1- Como começou a tua carreira no nativismo?

Bueno, o gosto pela música e a temática campeira trago de berço, minha família materna é rural e cresci escutando meu avô e meu tio tocando e cantando. Aos 12 anos ganhei um violão, quando ainda morava em Canguçu, onde fiz as primeiras aulas. Mas foi só em Pelotas (aos 17 anos) - quando fazia o curso técnico em Agropecuária no Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça (CAVG), junto com Henrique Ugoski Novack “In memorian” e Andrigo Xavier - que a coisa foi ficando mais séria e quando percebemos estávamos tocando na noite, em bares e restaurantes, a exemplo do Rincão Nativo - de Pelotas - que além de ter sido a primeira casa que nos abriu as portas, foi um dos patrocinadores do meu 1º CD.

2- Pela tua presença constante nos festivais, fale um pouco sobre a tua trajetória nestes palcos.

Em 1999 participei do meu primeiro festival, 7º Chamamento da Arte Nativa em Santana da Boa vista, defendendo a marca: Campeiro e Fronteiriço, a convite do Jari Terres e por indicação do Joca Martins (eu era aluno dele na época), pouco tempo depois classifiquei a minha primeira composição autoral, Na alma da noite, em parceria com Roberto Luçardo no XIII Terra e Cor de Pedro Osório.
De lá pra cá já se vão 10 anos (alguns mais, outros menos produtivos), mas, continuamos levando nosso trabalho com seriedade e acima de tudo amor pelo que fazemos, isso é o mais importante!

“Se for pecado sentir, perdoem o que proclamo,
Só canto àquilo que amo, pois não preciso mentir”

Premiação em Bagé: Frio de maio, grande vencedora


3- Tu tens viajado para fora do estado, como na Nevada da Canção, em SC, tens notado alguma diferença em relação à forma como cultivam o nativismo, como é a receptividade?

Pois é, ano passado eu classifiquei na 16ª Sapecada de Lages a composição Cacimba e vertente em parceria com Martin César Gonçalves, João Bosco Ayala Rodrigues e Éverson Maré, mas como eu estava num intercâmbio acadêmico em Portugal (onde aproveitei para divulgar meu trabalho também) não pude comparecer no evento.
Já esse ano, novamente classificamos uma marca num festival catarinense, dessa vez na 4ª Nevada de São Joaquim, onde tivemos a felicidade de ganhar o festival com a composição Que pecado, parceiro em parceria com Fábio Maciel e André Teixeira. Me faltam palavras para descrever quão bem fomos recebidos, mas nem vou citar nomes para não correr o risco de cometer alguma injustiça deixando alguém de fora.
Quanto à maneira com que cultivam a arte nativa, pelo fato da serra catarinense ter sido caminho e pouso de tropas, se nota essa “identidade tropeira” bastante viva nas obras deles... Nada mais verdadeiro e natural em se tratando de NATIVO (ismo) né?!... E também não posso deixar de citar aqui o trabalho dos “guris” do “Quarteto Coração de Potro” que há tempos mantém uma parceria forte com o Rogério Villagran e vêm se destacando cada vez mais nos nossos palcos, me confesso fã do trabalho deles.

Que pecado, parceiro, vencedora da Nevada: mais uma parceria com Fábio Maciel

4- Fale um pouco sobre este 2º CD - "Meu fundamento" e como esta à divulgação e a receptividade das pessoas?

Bom, esse trabalho novo segue a mesma linha do “Por Ser Assim”, tanto nos temas, arranjos, ritmos... Quanto nas participações especiais, enfim, na sua identidade. Também é basicamente autoral, com apenas quatro músicas de outros colegas dentro das 14 faixas do CD.
A receptividade, por vezes tem até superado as expectativas, como no caso do Lançamento Oficial em Pelotas durante a 7ª Bailanta Gaúcho e Prenda, em que várias pessoas da platéia sabiam as músicas “decor” e cantavam junto com a gente.
Já a divulgação está por nossa conta, contando com a Produção da Terruña – Assessoria de Comunicação e Marketing - Porque depois de muito negociar com as “Exploradoras”, resolvi fazer um disco independente...
Felizmente está indo bem, pela facilidade de comunicação que a tecnologia nos permite hoje, não existem mais distâncias. O que fica um pouco prejudicada é a distribuição, mas a gente sempre anda com o trabalho junto em todo e qualquer evento em que nos façamos presentes. Do contrário, vendo pela internet também, o pessoal faz um depósito bancário e a gente envia o CD pelo correio.

Ao lado de Raineri Spohr, que faz participação do "Meu fundamento"

5- Como é a tua relação com outros músicos e compositores?


Chê, é ótima, é “Aaaaallllge” (quem não entender aguarde e siga acompanhando nossos festivais que em breve entenderá, hehe)...
Mas, mais do que isso, é extremamente necessária. Ninguém trabalha sozinho, e eu não sou diferente, basta ver que raras são as composições que faço letra e melodia, mas ainda assim necessito do trabalho dos músicos para arranja-las e executa-las. Eu costumo dizer, quando apresento a banda nos shows, que ELES são o MEU FUNDAMENTO, e é a mais pura verdade. Se hoje eu começo a ter uma certa notoriedade sem dúvida nenhuma devo isso a eles, a eles e aos outros “ermãos” que me dão a honra de dividir uma parceria e/ou o palco.
Novamente não citarei nomes pelo mesmo motivo...

Capa do seu 2º CD - Meu fundamento

6- Como é a tua relação com a mídia? Existe espaço para a divulgação do nativismo nos veículos de comunicação ou ainda precisamos melhorar nessa questão?

Bem, conforme comentei anteriormente, as facilidades tecnológicas hoje são imensas, com a Internet não existem mais fronteiras nem distâncias, um exemplo bárbaro disso foi ano passado quando, novamente numa parceria com o Fabinho (Fabio Maciel), e melodia do Juliano Moreno, tivemos satisfação de sacar o 1º Lugar e Melhor Poesia da 5º Galponeira de Bagé com a composição Frio de Maio, a qual escutei direto de Lisboa enquanto proseava pelo “msn” com o Dé Oliveira, músico, que na época morava em Sopot (Polônia) e também estava acompanhando o festival.
Só relato esse fato para mostrar a dimensão da divulgação que a “rede” nos proporciona. Eu tenho e defendo o uso de todas essas ferramentas que podem nos auxiliar nesse trabalho (Orkut, Msn, MySpace, PalcoMp3, Facebook)... Isso sem citar os Blogs e Sites que fazem a cobertura de nossos eventos junto com as emissoras de TV e Rádios (da web ou não) que nos dão um baita apoio.
Enfim, com todas essas facilidades, só não se divulga quem não quiser. Óbvio que uns tem mais acesso que outros, mas cabe a nós ir atrás desses espaços.

Durante show de lançamento do CD, ao lado de Cícero Camargo

7- Quais são as tuas referências e influências para desenvolver o teu trabalho musical?

“Por Ser Assim, venho de alma e rédeas em punho, estradeando um canto que, por terrunho, segue cruzando vaus e picadas, quebrando geada nas madrugadas, seguindo o rastro “dos que outrora foram culatra e que agora são os ponteiros dessa jornada...”
São os que o campo, por soberano, escolheu decerto pelo tutano, pra serem “ele” nas pulperias, chio de cambona nas manhãs frias, canto de sanga, mato e banhado, tinir de argola e berro de gado...
Não só por gosto, mas por vivência trago pulsando a minha querência em cada veia, pelo meu cerno, num cantochão que será eterno...
Pelas verdades que canto e falo sei que a cultura “tá” de a cavalo graças a esses índios pampeanos, respeitem Jaime, Noel, Aureliano... Porque Assim Cantam os Galos...”
Acho que com esse fragmento da apresentação que fiz para o Meu Fundamento, respondo essa questão.

8- Fale um pouco também do teu 1º CD - "Por ser assim" e qual é a música que mais te marca?

O “Por Ser Assim”... O nome desse disco já diz muito, meio que fala por si...
A minha grande preocupação nesse trabalho era “me apresentar”, era mostrar pra pessoas “o que e porque canto”, nunca desperdicei meu tempo pensando se iam gostar dessa ou daquela música, se iam gostar ou não do meu timbre, das minhas interpretações, gosto é uma coisa muito particular e que não se discute; Eu também não gosto de muito do que escuto, em contrapartida, gosto de muitas coisas que várias outras pessoas não gostam. Enfim, o que realmente me preocupava era se eu iria ou não conseguir passar para quem escutasse que aquilo tudo que ali estava gravado era sincero e verdadeiro, felizmente, pela receptividade que o cd teve vi que sim, vi que aqueles que tiveram contato com o trabalho entenderam o que eu queria e mais que isso, deram o aval que eu precisava para seguir trabalhando. E não importa quantos foram, importa é que com o que sinto, consegui tocar o sentimento das pessoas...
É... O “Por Ser Assim” cumpriu seu papel!!!

Capa do 1º CD - Por ser assim

9- Quais são os teus planos, principais objetivos para a sequência da carreira?

Meu principal objetivo é seguir fazendo o que gosto, compondo e cantando temas que me toquem e principalmente dividindo estas composições e o palco com meus “irmãos de alma e arte” e dedicando esse trabalho para aqueles que respeitam e entendem o que a gente quer passar. Pois com toda certeza o melhor de tudo que já conquistei nesse meio musical foram as amizades, tanto dentro quanto fora do palco, em cada rincão que a gente apeia vamos dividindo experiências, convicções e verdades e assim multiplicamos nosso “saber pequenininho” e temos a oportunidade de aprender muito com quem nos escuta e admira... Eu não tenho fãs, tenho amigos que compartilham das minhas verdades e por isso mesmo se identificam com meu canto.

10- Deixe um chasque para todos aqueles que te admiram e os teus contatos.

Bueno, a bem da verdade eu não me considero um artista e sinceramente nem quero me sentir assim... O que eu sou é um apaixonado pela minha terra que tento, à minha maneira, defender aquilo que acredito.

“Talvez nem seja poeta
Mas me permito cantar
À quem quiser escutar
O que me agrada ou inquieta”

... Ninguém me tira o direito de expor meus pensamentos, então se acheguem por um momento, desencilhem no oitão e escutem com coração o que diz MEU FUNDAMENTO!

Baita abraço, e gracias pelo carinho!

CONTATOS:

MSN: fabriciomarques7@yahoo.com.br
CEL: (53) 9112-2798
MySpace: http://www.myspace.com/fabriciomarques7
PalcoMp3: http://palcomp3.cifraclub.terra.com.br/fabriciomarques/
Orkut: Fabrício Marques
Comunidade: Fabrício Marques
Contato p/ shows: Terruña Assessoria de Comunicação e Marketing – (53) 3028-3230 / (53) 8125-0143 c/ Vitor

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