Matias Moura , Radialista com Mercedes Sosa
La Negra ainda canta como uma cigarra
Alex Corrêa
Entoar canções que lembram a história e a resistência de um povo. Esse sempre foi o legado da cantora argentina Mercedes Sosa. Nascida em San Miguel de Tucumán, La Negra esteve em Cachoeira do Sul no último sábado, 14 de junho, no encerramento da Vigília do Canto Gaúcho. Apesar do frio, mais de seis mil pessoas assistiram o que, provavelmente, será um dos últimos shows desta índia tucumana nestes pagos. Com 72 anos e a saúde frágil, Mercedes Sosa cantou sentada durante uma hora e meia até o final emocionante, quando ela interpretou Maria, Maria, de Milton Nascimento, e Dale alegría a mi corazón, de Fito Paez. A debilidade física desta septuagenária não prejudicou a imponência da sua voz. Durante sua apresentação, ela interpretou diversos compositores latino-americanos. Desde a chilena Violeta Parra, com Volver a los 17 e Gracias a la vida, até Vinícius de Moraes e Tom Jobim, com Insensatez; Gente humilde, de Chico Buarque, Vinícius e Garoto. Generosa, compartilhou o palco com o gaúcho Luiz Carlos Borges, acompanhado de Daniel Torres, na interpretação de Solo le pido a Diós. A cantora nativista Shanna Muller também dividiu o palco com Mercedes Sosa na música Ñangapiri, uma composição de Antonio Tarragó Ros. Ainda com Borges, interpretou El Cosechero, de Ramon Ayala, de seu CD acústico, com o qual ganhou o Grammy Latino
Sempre comprometida com canções populares desde seu primeiro disco “Canciones con fundamento”, Mercedes virou ícone da esquerda mundial. Militante ativa contra a ditadura militar argentina nos anos 70 e 80 - quando se celebrizou como "a voz" da canção de protesto latino-americana - e peronista nos últimos tempos, Mercedes apoiou o presidente argentino Néstor Kirchner em seu primeiro mandato e agora apóia sua esposa, Cristina Kirchner. Entre 1979 e 1982 ficou exilada na Europa. Durante o período de exílio, La Negra podia entrar e sair da Argentina, no entanto, foi impedida de usar sua arma mais poderosa: a voz.
Sábado à tarde, antes do show, Mercedes Sosa concedeu uma entrevista coletiva. Numa das salas do segundo andar do Hamburgo Hotel, amparada por seu filho e protegida do frio por um aquecedor, La Negra falou, durante cerca de 40 minutos, de música e política. Lembrou com carinho as parcerias que fez com Kleiton e Kledir, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Beth Carvalho, Chico Buarque, Raimundo Fagner e, mais recentemente, com Maria Rita. “Eu adoro Chico Buarque. Ele é um homem muito culto e tem canções belíssimas. Fagner eu o considero como um irmão”, revela. Apesar de ter dedicado parte de sua vida a cantar canções engajadas, ela acredita que a música é só um acompanhamento na luta política. “Não devemos exigir que todos cantem melodias de protesto. Eu mesma já cantei ao lado de Shakira e Alejandro Sanz, que não têm nenhum comprometimento político”.Da política, Mercedes se mostrou preocupada com o conflito que envolveu a Colômbia, Venezuela e Equador. Ela defende uma América Latina forte e unida.
Mercedes Sosa: “Não gosto de armas, canto pela paz”
Mais informçaões sobre a cantora no site : http://www.mercedessosa.com.ar/
Nenhum comentário:
Postar um comentário