domingo, 18 de abril de 2010

Quase 500 anos de rusticidade

A fantástica saga da raça crioula nos pampas

O cavalo crioulo é descendente direto dos cavalos trazidos pelos conquistadores espanhóis à América Latina no século XVI. Em 1535, Dom Pedro de Mendoza trouxe cavalos consigo quando fundou o vilarejo de Santa Maria de Buenos Aires, atual capital da Argentina. A cidade foi invadida por índios, vitimando muitos animais e libertando outros. Aqueles que sobreviveram espalharam-se pelos pampas.

Ao longo dos anos, estes cavalos tornaram-se rústicos e fortes. Livre em um ambiente hostil, a raça crioula sofreu uma severa seleção natural, adaptando-se e adquirindo as características que mais tarde seriam idolatradas pelos gaúchos e cantadas nos versos de Joça Martins: a grande resistência e a alta capacidade de sobrevivência.

Essa resistência, que faz o orgulho dos criadores, é colocada à prova em marchas de resistência que se estendem por 750 quilômetros. Ocorrendo nos cenários reais dos pampas e enfrentando dificuldades como o frio e a chuva, o maior objetivo das marchas é demonstrar e difundir a capacidade de resistência da raça crioula.

Existe outra origem registrada pela história: a primeira criação fundamentalmente crioula foi em Assunção do Paraguai. Estes animais saíram de Santa Catarina através do Caminho do Peabirú, cruzando o estado do Paraná em direção à capital paraguaia. Este núcleo deu origem às Missões, que mais tarde espalharia o cavalo crioulo no Rio Grande do Sul.

São os cavalos espanhóis (sobretudo os andalusos) e os árabes que transmitem suas principais características morfológicas à raça crioula. O cavalo crioulo brasileiro herdou do cavalo árabe sua altura, que raras vezes ultrapassa os 1,50m. Também são traços árabes a cabeça de corte triangular, o perfil ligeiramente convexo e reto, as orelhas curtas e bem separadas e a garupa pouco inclinada. Dos antepassados europeus, herdou a crina abundante, a tranquilidade e o corpo pequeno e forte.

Nos últimos trinta anos, o padrão morfológico do cavalo crioulo mudou bastante. Animais com pescoço leve, mais cumprido e musculoso são a atual tendência. Além disso, o crioulo de antes tinha um formato quadrado. O moderno aparenta ser mais retangular, o que não passa de uma ilusão de ótica provocada pelo maior relevo muscular. Hoje, a morfologia buscada é mais voltada para a funcionalidade, ou seja, uma conformação que facilite os movimentos do animal. Essa mudança foi impulsionada pelo Freio de Ouro, a maior prova de seleção da raça.

*Fonte: www.canalrural.com.br/freio de ouro

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